JOÃO DE CAMARGO era um negro, "o preto velho e bom da Água Vermelha"***, um negro que refletia em sua pele os sofrimentos e os mistérios das nações africanas e das confrarias do Rosário e de São Benedito; negro que trazia, em seu corpo, as marcas dos navios negreiros, dos eitos e das senzalas, negro que cadenciava seu coração nas batidas dos atabaques nos batuques dos terreiros, dos calundus e das congadas; e que se deixava levar, em suas meditações, por antigos sons das línguas ancestrais, dos longínquos cafundós do Mali, de Angola, do Lucumi...
Atotô Obaluaiê!...
Kabiyesi Olutapa Lempê!...
Atotô, Babá!...
***O trecho aspeado está no necrológio de João de Camargo, escrito pelo jornalista JURANDIR BADINNI ROCHA e publicado no Jornal Cruzeiro do Sul em 29 de Set. de 1942
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