3 de julho de 2015

FATOS DA VIDA DE NHÔ JOÃO



Prisões
A série de reportagens de Alcir Guedes informa que dezoito vezes João de Camargo Barros foi preso pelas autoridades. Alegação: curandeirismo. Pressões, naturalmente, advindas dos meios eclesiásticos e policiais, que lhe faziam fortíssima oposição. Por ocasião de sua última prisão, vendo que Nhô João continuava a fazer suas curas apesar de terminantemente proibido pelas autoridades ( pois continuava a ser procurado pelos necessitados, a quem jamais fechou as portas ), o delegado disse - lhe que registrasse a capela como centro espírita e aí sim poderia continuar curando e benzendo. Foi o que Nhô João fez. As prisões cessaram, mas a campanha contra ele continuou intensa.
O número de prisões coincide com a pesquisa de Tortello, que atribui a informação ao fotógrafo Barbosa Prado, que as teria colocado em forma de vezes.
Há referências ainda a um fato relevante: as autoridades policiais fecharam a capelinha no ano de 1913. As pressões intensas fizeram com que Nhô João fosse processado por curandeirismo. Mas ele foi absolvido pelo Juiz Rodolfo Ferreira Santos e a igreja foi reaberta. Segundo Nelson Casagrande Júnior, perito da Polícia Técnica, o inquérito simplesmente desapareceu.
Apesar de tudo, João de Camargo prosseguia fazendo o bem. Seus remédios eram simples folhas e água fluidificada. Na realidade, o que curava mesmo era a fé, e isso João de Camargo fazia questão de deixar claro aos que o procuravam. Sabe - se atualmente, por experimentos científicos ( sugere - se a leitura da revista Isto É, edição de 31/05/98, página 142 ), que a fé é uma poderosa aliada do homem, com reflexos positivos inclusive no corpo físico, estando provado que quem tem verdadeira fé é mais capacidade a superar doenças do que aquele que é descente. Série de coisas simples: a fé aumenta a autoconfiança, diminui a ansiedade, funciona como calmamente natural. Não tem contra - indicações.
Mas ele nunca obrigou ninguém a fazer nada. Nunca foi procurar quem quer que fosse para oferecer seus trabalhos. Quieto, humilde e discreto, não se furtava a ajudar quem o procurava, tendo suas portas sempre abertas para ricos ou pobres. E, principalmente, fez o bem a pessoas necessitadas e jamais voltou - se contra seus perseguidores, cumprindo ao pé da letra o ensinamento de Jesus Cristo, que manda oferecer a outra face a quem lhe esbofetear. Foi tratado como marginal - coisa que nunca foi - e taxado de curandeiro - quando devia ser chamado de curador, pois de fato curava. Os depoimentos dão conta de que Nhô João, antes de curar o corpo do necessitado, curava - lhe primeiro a alma, repondo - lhe generosas doses de fé em Deus e amor ao semelhante.
Ocorre que a natureza da revelação que foi dada ao ex-escravo não comportava exclusões. Para Nhô João, todas as pessoas eram importantes, mesmo aquelas que o detratavam; em seu estilo simples, cuidava de corrigir, orientar e recolocar no caminho certo aqueles que estivessem fora do rumo da caridade e da solidariedade. Nunca deixou de recomendar aos que o procuravam em busca de auxílio que não deixassem jamais de lado os ensinamentos da Igreja Católica. A fé de João de Camargo era plural, era universal em sua singeleza e simplicidade. 
As mãos que davam a cura eram as mesmas mãos que ajudavam materialmente os pobres, de quem João de Camargo jamais descuidou. Dava - lhes onde morar, o que comer, com que se vestir. A pobreza ali jamais foi envergonhada, mas sim decente e digna. Um de seus grandes aliados, segundo o trabalho de Alcir Guedes, foi o Capitão Grandino, que comparecia com auxílio material, doando tijolos e outros materiais de construção, utilizados na edificação da capelinha.

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